No Brasil, o aprendizado de inglês enfrenta barreiras culturais e metodológicas significativas. Em 2020, realizamos um congresso na escola Inglês para Desesperados, convidando pesquisadores da UFMG e professores especialistas para explorar essa questão. A resposta, como discutimos, é complexa e multifatorial, e não se resume a um único ponto.
Vamos abordar alguns dos principais desafios identificados e como eles moldaram as estratégias e metodologias do IpD.
1. Pouca Exposição ao Inglês no Cotidiano
Ao contrário de países onde a cultura anglófona é predominante, o Brasil oferece poucas oportunidades para uma exposição natural ao inglês. O conceito de “input compreensível” (ou exposição ao idioma que o aluno entende, segundo Stephen Krashen em “Principles and Practice in Second Language Acquisition”) é essencial, mas, no Brasil, muitos não têm essa vivência. No entanto, com o aumento de empresas internacionais e plataformas estrangeiras sendo utilizadas no país, o cenário está mudando. Mesmo assim, a exposição precisa ser intencional e, preferencialmente, contínua.
2. Metodologias Tradicionais Ineficazes
A maioria dos métodos tradicionais usados no ensino de inglês no Brasil foca excessivamente em gramática e tradução, com pouca ênfase na comunicação prática. Este enfoque, de acordo com Lightbown e Spada em “How Languages Are Learned” (2013), não promove a fluência necessária para uma comunicação real. No Inglês para Desesperados, substituímos essas abordagens por uma metodologia baseada em jogos e simulações, que permite ao aluno aprender de maneira dinâmica e divertida, seguido de uma prática ativa de conversação.
3. A Ansiedade e o Medo de Errar
A insegurança e o medo de errar são barreiras comuns ao aprendizado do inglês no Brasil. Estudos como “Language Anxiety” (Horwitz, 1986) mostram que a ansiedade pode inibir a capacidade de aprender e praticar o idioma. No IpD, adotamos atividades que imergem o aluno em contextos lúdicos, onde o foco é o jogo, e não os erros. Isso diminui a inibição, permitindo que ele se expresse com mais naturalidade e confiança.
4. Foco Excessivo em Provas e Notas
O sistema educacional brasileiro dá prioridade a exames e notas, o que leva os alunos a buscarem memorizar conteúdos gramaticais em vez de desenvolver habilidades comunicativas. Como destaca “Testing for Language Teachers” (Hughes, 2003), essa abordagem tende a limitar a prática necessária para se tornar fluente. No IpD, o foco está em conversação e prática. Queremos que o aluno aprenda a usar o inglês, e não apenas passar em uma prova.
O que precisamos fazer então para aumentar nossa taxa de sucesso?
1. A Importância do Jogo no Aprendizado
Jogos não são apenas uma forma divertida de aprender; eles são uma ferramenta de aprendizado poderosa. Durante o jogo, o aluno se concentra totalmente na tarefa, o que o ajuda a esquecer inseguranças e a focar no aprendizado. Isso proporciona uma experiência imersiva que facilita a retenção do conhecimento. No IpD, exploramos jogos e simulações para tornar o aprendizado mais instintivo e espontâneo.
2. O “Flow” e o Foco Extremo
A ideia de “flow”, ou fluxo, é um estado de concentração intensa descrito pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi. Em atividades como jogos, o aluno experimenta esse estado, onde ele se envolve completamente e esquece o tempo ao redor. Esse nível de concentração extrema acelera o aprendizado e potencializa a fluência.
3. A Prática Contínua e Repetição Espontânea
Um dos segredos do sucesso é a prática constante. No IpD, os jogos e simulações oferecem ao aluno uma repetição contínua de estruturas e vocabulários, mas de maneira orgânica, em vez de forçada. Isso faz com que ele aprenda de forma intuitiva e natural.
4. Contextualização do Conteúdo
Muitos métodos tradicionais não conectam o conteúdo ao mundo real, o que desmotiva os alunos. No IpD, criamos cenários que refletem situações do cotidiano, especialmente as relacionadas ao contexto do aluno, como viagens, negócios ou entretenimento. Isso aumenta o interesse e a relevância do aprendizado.
5. O Poder das Simulações na Preparação para Situações Reais
As simulações do IpD ajudam o aluno a se preparar para situações reais de comunicação. A ideia é que, ao simular uma situação antes de vivenciá-la na vida real, ele se sinta mais confiante e preparado.
6. A Necessidade de Personalização
O aprendizado de idiomas não é único para todos. Cada aluno tem seu próprio ritmo e necessidades. No IpD, adotamos uma abordagem personalizada para cada aluno, permitindo que ele aprenda no ritmo que melhor se adapta às suas habilidades.
7. Apoio Psicológico e Mental
Aprender uma nova língua pode ser estressante. No IpD, abordamos o lado psicológico do aprendizado com técnicas de motivação, coaching e suporte emocional para que o aluno se sinta seguro e motivado.
8. Conexão com Outras Culturas
A conexão com a cultura do idioma estudado é um aspecto importante. Ao aprender inglês, incentivamos os alunos a explorar músicas, filmes, séries e conteúdo em inglês para fortalecer a compreensão cultural e aumentar o vocabulário.
9. Metodologia Baseada em Ciência e Pesquisas Atuais
Nossa metodologia é fundamentada em pesquisas científicas e adaptações baseadas nos últimos estudos sobre aprendizagem. Ao incorporar conhecimentos de neurociência e psicologia da educação, trazemos para os alunos o que há de mais eficaz e moderno no ensino de idiomas.
No IpD, acreditamos que a fluência vai além das regras gramaticais. Envolve conexão emocional, prática contínua, suporte psicológico e, principalmente, um método que transforme o aprendizado em uma experiência prazerosa e motivadora.